Dra. Aline Figueiredo Nicolau – Otorrinolaringologia

A dor de garganta é um desconforto que todos já enfrentamos em algum momento. Seja por um simples resfriado ou algo mais grave, esse sintoma pode prejudicar a nossa qualidade de vida. Vamos entender as causas, sintomas, tratamentos e quando pode ser necessário realizar a amigdalectomia (remoção das amigdalas).

Resfriado Comum

O resfriado comum é uma das doenças mais frequentes, especialmente em épocas de clima mais frio, e pode afetar significativamente o bem-estar de quem o contrai. 

O Que Causa o Resfriado Comum?

O resfriado comum é causado por uma infecção viral, geralmente provocada por rinovírus, mas também pode ser desencadeado por outros vírus, como os coronavírus (incluindo o COVID-19) e adenovírus. Esses vírus afetam as vias respiratórias superiores, causando inflamação na garganta, nariz e cavidades nasais. A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, principalmente por gotículas respiratórias que são liberadas ao tossir, espirrar ou falar, além de contato direto com superfícies contaminadas. Por esse motivo, costumam ser mais comuns nos meses frios (devido à maior aglomeração em locais fechados) e após períodos de festas (Carnaval, Natal, Ano Novo).

Sintomas do Resfriado Comum

Os sintomas do resfriado comum podem variar de pessoa para pessoa, mas, de maneira geral, incluem:

  • Congestão nasal: A obstrução das vias nasais é um sintoma muito comum, tornando difícil respirar pelo nariz.
  • Coriza: O nariz escorrendo constantemente é outro sintoma clássico do resfriado.
  • Dor de garganta leve: A irritação ou dor na garganta é comum, geralmente mais leve do que em outras infecções.
  • Tosse seca ou com secreção: A tosse pode ser leve e persistente, acompanhada de muco.
  • Espirros frequentes: O espirro constante é uma defesa do corpo contra a infecção.
  • Febre baixa: Embora não seja tão comum, algumas pessoas podem ter febre, geralmente baixa.
  • Mal-estar geral e cansaço: A fadiga é frequente, mas, geralmente, sem sintomas mais graves.

Esses sintomas geralmente aparecem de forma gradual e tendem a melhorar após uma semana a dez dias. Em casos leves, a pessoa pode se sentir melhor antes desse período.

Tratamentos para o Resfriado Comum

Infelizmente, não existe cura para o resfriado comum, pois ele é causado por vírus, e os antibióticos não têm efeito sobre infecções virais. No entanto, existem várias maneiras de aliviar os sintomas e ajudar o corpo a se recuperar mais rapidamente:

  • Repouso: Descansar é fundamental para permitir que o sistema imunológico combata a infecção.
  • Hidratação: Beber bastante líquido (como água, chás e caldos) ajuda a fluidificar o muco e mantém as mucosas hidratadas.
  • Analgésicos e antipiréticos: Medicamentos como paracetamol ou ibuprofeno podem ser usados para aliviar dores no corpo, dor de garganta e febre baixa.
  • Descongestionantes nasais: O uso de descongestionantes em spray ou por via oral pode ajudar a reduzir a obstrução nasal.
  • Pastilhas para a garganta: Elas podem ajudar a aliviar a irritação e a dor na garganta.

Sinais de Alarme

Embora o resfriado comum seja geralmente inofensivo, há situações em que os sintomas podem indicar complicações mais graves. Procure atendimento médico imediato se:

  • Sintomas intensos ou que persistem por mais de 10 dias sem melhora significativa.
  • Presença de placas de pus na garganta.
  • Febre alta (acima de 39°C) que não cede com medicamentos.
  • Dificuldade para respirar ou sensação de falta de ar.
  • Dor no peito ou pressão durante a respiração.
  • Fortes dores de cabeça ou dor facial intensa.
  • Dores no ouvido ou secreção purulenta do ouvido.
  • Se você tiver histórico de doenças respiratórias crônicas como asma ou bronquite, ou se estiver com o sistema imunológico comprometido.

Esses sintomas podem ser sinais de complicações, como sinusite, amigdalite bacteriana, otite média ou até pneumonia, que exigem tratamento médico imediato.

Como Prevenir o Resfriado Comum?

A melhor forma de evitar o resfriado é adotar boas práticas de higiene:

  • Lave as mãos regularmente com água e sabão.
  • Evite tocar o rosto, especialmente os olhos, nariz e boca.
  • Cubra a boca e o nariz ao tossir ou espirrar com um lenço ou o braço.
  • Mantenha distância de pessoas com sintomas de resfriado, especialmente em locais fechados e com grande circulação de pessoas.
  • Mantenha o ambiente limpo e desinfete objetos que podem ser tocados por várias pessoas.

Amigdalite Bacteriana

A amigdalite bacteriana é uma infecção das amígdalas que pode causar dor intensa na garganta, febre e dificuldade para engolir. Embora muitas pessoas associem a dor de garganta a resfriados ou gripes, quando a causa é bacteriana, a situação tende a ser mais grave e exige tratamento adequado.

O Agente Causador da Amigdalite Bacteriana

O principal agente causador da amigdalite bacteriana é a bactéria Streptococcus pyogenes, também conhecida como estreptococo do grupo A. Essa bactéria é responsável pela infecção das amígdalas, que ficam inflamadas e doloridas. Embora a amigdalite bacteriana possa afetar pessoas de todas as idades, ela é mais comum em crianças e adolescentes.

Diagnóstico da Amigdalite Bacteriana

O diagnóstico da amigdalite bacteriana começa com uma avaliação clínica detalhada. Ao exame físico, podemos encontrar sinais característicos da infecção, como amígdalas inchadas e vermelhas, presença de placas esbranquiçadas ou amareladas e aumento dos gânglios linfáticos no pescoço. Para confirmar se a causa é bacteriana além do exame físico, dois exames podem ser realizados:

  • Teste rápido de antígeno (Streptotest): Esse teste detecta a presença de antígenos do estreptococo nas amígdalas. O resultado fica pronto em poucos minutos, permitindo um diagnóstico rápido.
  • Cultura de garganta: Caso o teste rápido seja negativo ou se houver dúvida sobre o diagnóstico, o médico pode coletar uma amostra da garganta para realizar uma cultura bacteriana. Esse exame é mais demorado, pois leva alguns dias para identificar a bactéria, mas é altamente preciso.

Tratamento da Amigdalite Bacteriana

A amigdalite bacteriana exige tratamento com antibióticos, já que as infecções bacterianas não são curadas com medicamentos antivirais ou analgésicos

É importante seguir rigorosamente as orientações médicas, tomando o antibiótico durante todo o período prescrito, mesmo que os sintomas melhorem antes de terminar o tratamento. Isso ajuda a garantir que a infecção seja completamente erradicada e previne o risco de complicações, como a febre reumática.

Além dos antibióticos, o tratamento da amigdalite bacteriana envolve medidas para aliviar os sintomas, como:

  • Analgésicos e antipiréticos: Medicamentos como paracetamol ou ibuprofeno podem ser usados para reduzir a dor e a febre.
  • Hidratação e repouso: Beber líquidos em abundância e descansar ajuda na recuperação.
  • Alimentos suaves e fáceis de engolir: Como sopas e purês

Sinais de Alarme

Embora a amigdalite bacteriana seja tratável, existem alguns sinais de alarme que indicam que o quadro pode estar mais grave ou que há complicações. É importante procurar atendimento médico se você ou seu filho apresentar:

  • Febre alta (acima de 39°C) que não diminui com medicamentos.
  • Dificuldade para respirar ou sensação de falta de ar.
  • Dor intensa ao engolir, tornando difícil até beber líquidos.
  • Inchaço intenso no pescoço, que pode ser sinal de complicação 
  • Erupção cutânea (especialmente se ocorrer após o início do uso de antibióticos).
  • Dor no ouvido ou secreção purulenta do ouvido.
  • Comportamento letárgico ou dificuldade para acordar, especialmente em crianças pequenas.

Esses sintomas podem indicar que a infecção se espalhou ou que houve complicações, como abscesso periamigdaliano ou febre reumática, que exigem tratamento imediato.

Prevenção da Amigdalite Bacteriana

Embora não haja uma maneira definitiva de prevenir a amigdalite bacteriana, algumas medidas de higiene podem ajudar a reduzir o risco de contágio, como:

  • Lavar as mãos regularmente, especialmente após tossir, espirrar ou tocar em superfícies contaminadas.
  • Evitar compartilhar utensílios pessoais, como copos, talheres e toalhas.
  • Evitar contato próximo com pessoas infectadas, principalmente durante os primeiros dias de sintomas.

Mononucleose

A mononucleose, frequentemente conhecida como “doença do beijo”, é uma infecção viral que pode afetar principalmente adolescentes e jovens adultos, embora também possa acometer outras faixas etárias. Esta condição, apesar de ser, na maioria das vezes, autolimitada, pode causar sintomas intensos e, em alguns casos, complicações sérias. Vamos entender melhor o que é a mononucleose, seu principal agente causador, como é feito o diagnóstico, o tratamento recomendado e os sinais de alarme que indicam a necessidade de acompanhamento médico.

O Agente Causador da Mononucleose

A mononucleose é causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), um membro da família dos herpesvírus. Este vírus é transmitido principalmente através do contato com a saliva de uma pessoa infectada, o que justifica o apelido de “doença do beijo”. No entanto, também pode ser transmitido por meio do compartilhamento de utensílios pessoais, como copos e talheres, ou por gotículas respiratórias durante a tosse ou espirros. O EBV ataca as células do sistema imunológico, principalmente os linfócitos, e provoca uma resposta inflamatória em várias partes do corpo, como as amígdalas, fígado e baço.

Diagnóstico da Mononucleose

O diagnóstico de mononucleose é feito principalmente por meio da análise clínica dos sintomas, como dor de garganta intensa, febre, cansaço excessivo e inchaço dos gânglios linfáticos. Para confirmar a infecção pelo vírus Epstein-Barr, o médico pode solicitar:

  • Exames de sangue: O mais comum é o teste de anticorpos heterófilos, que detecta a presença de anticorpos produzidos pelo sistema imunológico em resposta ao EBV. Este exame pode ser feito rapidamente e tem alta taxa de acerto.
  • Exames adicionais de sangue: Se necessário, o médico pode solicitar outros exames laboratoriais, como a dosagem de anticorpos específicos contra o EBV (IgM e IgG), para determinar a fase da infecção e avaliar a gravidade do quadro.
  • Exames de imagem: Em casos mais graves ou para investigar complicações, pode ser necessário realizar ultrassonografias para verificar o tamanho do fígado e baço, órgãos que frequentemente ficam aumentados durante a mononucleose ou tomografia de pescoço, para excluir complicações.

Tratamento da Mononucleose

Embora não exista um tratamento específico para a mononucleose, o tratamento é geralmente sintomático e visa aliviar os sintomas enquanto o corpo combate a infecção. As principais recomendações incluem:

  • Repouso: O cansaço extremo é um dos sintomas mais comuns, e o repouso adequado é essencial para a recuperação.
  • Hidratação: Beber muitos líquidos ajuda a manter o corpo hidratado e a aliviar a dor de garganta.
  • Analgésicos e antipiréticos: Medicamentos como paracetamol ou ibuprofeno podem ser usados para reduzir a dor e a febre. É importante evitar o uso de aspirina em crianças e adolescentes devido ao risco de síndrome de Reye.
  • Alimentação leve: Evitar alimentos irritantes e preferir refeições leves pode ajudar a aliviar o desconforto na garganta e o mal-estar geral.
  • Corticosteroides: Em casos mais graves, como obstrução das vias respiratórias devido ao inchaço das amígdalas, o médico pode prescrever corticosteroides para reduzir a inflamação.

Sinais de Alarme

Embora a mononucleose seja, na maioria das vezes, uma condição autolimitada que melhora com o tempo, é importante ficar atento a alguns sinais de alarme que indicam a necessidade de intervenção médica imediata. Esses sinais incluem:

  • Dificuldade para respirar: O inchaço das amígdalas pode dificultar a respiração, e em casos mais graves, pode ocorrer obstrução das vias aéreas.
  • Dor intensa no fígado ou baço: O aumento desses órgãos pode causar dor abdominal intensa. Se houver dor no lado superior esquerdo do abdômen, que é onde o baço está localizado, deve-se procurar atendimento médico imediatamente, já que o baço pode se romper, o que é uma emergência médica.
  • Febre persistente: Embora a febre seja comum na mononucleose, se ela persistir por mais de uma semana ou não ceder com o uso de medicamentos, isso pode ser sinal de complicações.
  • Icterícia (pele e olhos amarelados): Isso pode ser um sinal de que o fígado está sendo afetado de forma mais grave pela infecção.
  • Confusão mental ou alterações no comportamento: Se houver sinais de confusão, sonolência excessiva ou mudanças no comportamento, é essencial buscar ajuda médica.

Prevenção da Mononucleose

Não há vacina para prevenir a mononucleose, mas algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco de transmissão:

  • Evitar o compartilhamento de utensílios pessoais, como copos, talheres e escovas de dente.
  • Evitar o contato direto com a saliva de pessoas infectadas, especialmente durante a fase mais ativa da doença.
  • Lavar as mãos regularmente, especialmente após tossir ou espirrar.

E Quando é Necessário Remover as Amigdalas?

Se você sofre com amigdalites de repetição, roncos constantes ou já percebeu a presença de caseum (aquelas bolinhas brancas com mau cheiro nas amígdalas), é hora de entender melhor como esses sintomas podem estar impactando sua saúde. Neste texto, vou explicar as principais situações em que a remoção das amígdalas (amigdalectomia) pode ser indicada, com base em evidências médicas. 

Homem com dor de garganta

O Que São as Amígdalas e Qual Sua Função?

As amígdalas são estruturas localizadas na parte de trás da boca e da garganta, responsáveis por ajudar a proteger o corpo contra infecções. No entanto, quando estão hipertrofiadas, constantemente inflamadas ou comprometidas, elas podem gerar mais problemas do que benefícios.

Veja algumas situações em que pode ser necessário realizar a remoção das amígdalas:

Amigdalites de Repetição

A inflamação recorrente das amígdalas pode levar a dores intensas de garganta, febre, dificuldade para engolir e, em casos mais graves, complicações respiratórias. Se você sofre com amigdalites frequentes, sabe o quanto essa condição pode afetar sua qualidade de vida e seu planejamento (não é incomum quem tem amigdalites frequentes, já ter tido em uma viagem ou em uma semana importante do trabalho). Quando as amigdalites ocorrem muitas vezes por ano ou cursam com infecções graves (formação de abscesso, necessidade de internação), apesar do tratamento adequado, a remoção das amígdalas pode ser indicada para evitar complicações mais sérias e melhorar sua saúde geral.

Roncos: O Impacto na Sua Respiração

Roncos constantes podem ser um sinal de que as amígdalas estão comprometendo a passagem do ar pelas vias respiratórias. Muitas vezes, isso ocorre porque as amígdalas obstruem parcialmente a passagem de ar, dificultando a respiração. Se os roncos são intensos ou se há apneia do sono, a remoção das amígdalas pode ser necessária para melhorar sua respiração, promovendo a melhora dos roncos e um sono mais tranquilo e saudável.

Saiba mais sobre roncos em crianças em: https://alineotorrino.com/meufilhoestaroncando/

Caseum: O Que é e Como Ele Afeta Sua Saúde?

caseum é uma substância pastosa, geralmente amarelada ou esbranquiçada, que se forma nas lacunas (criptas) das amígdalas. Esse acúmulo de resíduos pode causar um mau hálito persistente, além de desconforto e inflamação na região. Se você percebe a presença frequente de caseum (bolinhas brancas nas amígdalas) e isso está gerando problemas como dor ou halitose (mau hálito), a remoção das amígdalas pode ser a solução definitiva para esse incômodo.

Caseum (bolinhas brancas) nas amígdalas

Assimetria nas Amígdalas ou Presença de Lesões: Alerta para Possíveis Problemas Mais Graves

Em alguns casos, as amígdalas podem apresentar assimetrias (um lado maior que o outro) ou até mesmo lesões suspeitas que podem indicar doenças mais graves, como câncer de amígdala. Essas alterações precisam ser avaliadas com urgência por um especialista, pois a detecção precoce é crucial para um tratamento eficaz.

IMPORTANTE! Se houver assimetria nas amígdalas ou o aparecimento de nódulos, ulcerações ou lesões que não cicatrizam, é fundamental realizar uma investigação mais detalhada. A remoção das amígdalas pode ser necessária para uma biópsia/diagnóstico definitivo, visando excluir ou tratar condições mais sérias, como o câncer.

O Que Acontece Após a Remoção das Amígdalas?

A remoção das amígdalas, também conhecida como amigdalectomia, é um procedimento simples e seguro, realizado sob anestesia geral. O paciente recebe alta no mesmo dia ou no dia seguinte. Após a cirurgia, é comum que o paciente sinta um desconforto temporário na garganta e precise ficar afastado de atividades físicas por alguns dias. 

Quando Procurar um Otorrinolaringologista?

Se você identificou algum desses sinais — amigdalites frequentes, roncos, caseum, assimetria ou alteração nas amígdalas — é fundamental buscar a avaliação de um otorrinolaringologista. O médico especialista é capaz de realizar um diagnóstico preciso e indicar o tratamento mais adequado para o seu caso.

Agende uma consulta e descubra como podemos melhorar sua qualidade de vida de forma segura e eficaz.

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